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terça-feira, 5 de outubro de 2010

MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E GLOBALIZAÇÃO: MEDIANDO CONCEITOS

Aos alunos de Administração, Ciências Atuariais e Ciências Contábeis,

(A todos...)

Mundialização do Capital e Globalização foram conceitos exaustivamente analisados no inicio do primeiro semestre. Agora vamos discutir suas intenções ideológicas neste espaço. Faça seu cadastro e participe!

Alunos, pesquisadores e leitores podem ser vitimas de uma tremenda confusão. Quais são a diferenças estabelecidas entre o conceito Mundialização e o conceito Globalização? Vamos discutir. Eis como eu diferencio e analiso estes dois fenômenos.

Mundialização é um processo quantitativo e qualitativo de aproximação entre homens quotidianamente inseridos em espaços geográficos diferentes. Aproximação que pode assumir múltiplas formas: da viabilidade de contacto pessoal á comunicação escrita; da troca de mercadorias produzidas por uns e outros á troca de informações, etc.. Assim sendo, podemos dizer que a mundialização é um processo que se iniciou a partir do desenvolvimento capitalista no período pós – guerra com avanços e recuos, mas tendencialmente crescente, manifestando-se de forma desigual nas diversas regiões do mundo.
As transformações trouxeram um conjunto de mudanças dimensionadas pelas reestruturações empreendidas no processo produtivo por meio da constituição das formas de produção flexíveis[1], da inovação cientifico – tecnológica aplicada aos processos produtivos, dos novos modelos de gerenciamento da organização do trabalho.
Para Harvey (2004):
O padrão de acumulação flexível é caracterizado, por setores da produção inteiramente renovados, por diferentes maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, por taxas altamente intensificadas de inovações comercial, tecnológica e de organização, sendo marcada, portanto, por um confronto com a rigidez do ‘fordismo’ (HARVEY, 2004, p. 143).              

Nesse sentido Chesnais (1996) afirma que as políticas de liberalização, desregulamentação e privatização que os Estados capitalistas adotaram a partir de 1978 ampliaram a liberdade de o capital mover-se em escala internacional.
Chesnais (1996) considera mais adequado denominar o processo atual de mundialização do capital, pois ele representa o próprio regime de acumulação do capital. Afirma que, em primeiro lugar, globalização é dada não pela mundialização das trocas, mas pela mundialização das operações do capital, em suas formas tanto industriais quanto financeiras. Em segundo lugar, as primeiras etapas do ciclo de acumulação, o capital coloca em movimento um grande volume de mercadorias, mas, contraditoriamente, esse mesmo capital busca libertar-se da forma mercadoria, através do predomínio de mecanismos financeiros que possibilitem a acumulação ampliada do capital.
Para Chesnais (1996: p. 15), a partir de 1978, a burguesia mundial, conduzida pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, começa a desmantelar as instituições e estatutos que materializavam o estado anterior das relações. As políticas de liberação, desregulamentação e privatização surgiram como alternativa para que o capital reconquistasse a liberdade que havia perdido a partir de 1914.
Na verdade, segundo Chesnais (1996, p. 20) esse processo firmou e consolidou a mundialização como um regime institucional internacional do capital concentrado e conduziu a um novo salto na polarização da riqueza, corroborando e acentuando com a evolução dos sistemas políticos rumo à dominação das oligarquias obcecadas pelo enriquecimento e voltadas completamente para a reprodução da sua dominação. Portanto, o neoliberalismo amplia o poder de acumulação de capitais pelas classes dominantes.
Podemos então afirmar que as mudanças na organização de produção, bem como a liberdade de o capital mover-se em escala planetária, é muito mais que apenas uma nova forma de gerenciar a produção, representando assim uma nova forma de configuração societária, preservando o status quo. Assim, a produção flexível pode ser considerada uma maneira de conter a onda de insatisfação dos trabalhadores, articulando competitividade com o aumento das taxas de exploração a partir da subordinação dos trabalhadores a nova realidade.
Nesse contexto de mundialização da economia, tendo como estratégia central, não mais somente o comércio exterior e o capital financeiro, mas, antes, o capital produtivo por meio do investimento externo direto - IED surge um novo paradigma de empresa, com novas estruturas corporativas, novas formas organizacionais, novas formas de gestão, assentadas em nova base produtiva, aliada com o domínio da tecnologia, que nas últimas décadas tornou-se fator fundamental num contexto em que a competitividade e a produtividade estão enraizadas no universo produtivo.

Globalização é a maneira como a sociedade atual, etiquetada de “aldeia global”(IANNI, 1990), está condicionada pelo poder econômico. Ou seja, é uma certa fase da mundialização mas com uma certa especificidade e que se caracteriza pelo reforço da ideologia neoliberal, pelo aumento do capital fictício até níveis nunca anteriormente atingidos, num contexto de articulação e mundialização acelerada dos mercados financeiros e pela adoção de políticas econômicas, nacionais e internacionais, que reforçam o papel das multinacionais (HALL, 1990).
Nos últimos 30 do século XX uma profunda crise assola o capitalismo, com profundas conseqüências para as relações entre capital e trabalho, notadamente o desemprego estrutural, a precarização do trabalho, as mudanças nos processos de trabalho etc. Vivíamos um fim de milênio repleto de transformações e rupturas que afetaram, ainda que de modo desigual, todas as experiências humanas.
Nicolau Sevcenko (2001) afirma que o que distinguiu particularmente o século XX foi uma tendência contínua, acelerada e flexível de mudança tecnológica, com efeitos multiplicativos e revolucionários sobre praticamente todos os campos da experiência filosófica, científica e artística humana:

Esse surto de transformações constantes pode ser dividido em dois períodos básicos, intercalados, pela irrupção e transcurso da Segunda Guerra Mundial. Na primeira dessas fases, prevaleceu um padrão industrial que representava o desdobramento das características introduzidas pela revolução Científico – Tecnológica de fins do século XIX(...) A segunda fase, iniciada após a guerra, foi marcada ela intensificação das mudanças – imprimindo à base tecnológica um impacto revelado sobretudo pelo crescimento dos setores de serviços de comunicações e informações – o, que levou a ser caracterizado como período pós-industrial. (SEVCENKO, 2001. P. 25-24).

Segundo Castells (1999) a nova ordem internacional, ainda em curso e transição, apontou para diversas direções, como a multipolaridade, composta de novos pólos de poder econômico e político e a unilateralidade da hegemonia dos Estados Unidos, a maior potência econômica e militar no final do século XX.
A nova ordem não surgiu de repente e suas origens podem ser encontradas no pós-guerra, principalmente na segunda metade do século XX. Ainda segundo Castells (1999), um novo mundo está tomando forma no começo do atual milênio.

Referências
CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã. 1996.
DELUIZ, Neise. O Modelo das Competências Profissionais no Mundo do Trabalho e na Educação: Implicações para o Currículo. In: Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v.27, n.3, set /dez. 2001.
HALL, Stuart. Globalização. Identidade Cultural na Pós-modernidade. São Paulo : MODERNA, 1990.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
(SEVCENKO, 2001. P. 25-24).
CASTELLS


[1] A economia flexível é marcada por um confronto direto com a rigidez do “fordismo”. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego no chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas. (HARVEY, 2004, p. 140).

5 comentários:

  1. Ana Elisa Fonseca Melchior
    RA 5527060
    2ºB - ADM

    Existem outras 6 nações que articuladas formam o G7 e decidem o que deve ser globalizado e o que não deve. Controlam a produção industrial de ponta e são proprietárias das patentes de tecnologia avançada. Existe também o FMI, ao qual os grandes investidores atribuem o direito de dar notas de bom ou mau aluno às nações e punir os que desobedecem suas recomendações.
    Com isso é evidente que não há globo comandado livremente pelo mercado. Há um mundo impondo uma verdadeira "camisa de força" às nações mais fracas.

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  2. Capitalismo do século XXI
    Mundialização do Capital
    Ou
    Globalização?
    A terminologia usada pelos economistas da modernidade, parte do termo GLOBALIZAÇÃO, de origem anglo-saxônica,que deslocou na língua francesa o termo MUNDIALIZAÇÃO, mais próximo da realidade.
    Mais usado pela mídia, o termo globalização quer indicar uma internacionalização econômica livre, não submetida a intervenções institucionais ou nacionais, usando uma conotação geográfica globo, como uma esfera com habitantes indiferenciados, espalhados por sua superfície.
    O sentido dessa neutralidade é obrigar a aceitar uma evolução econômica recente, por uma atuação mais livre dos indivíduos no mercado.
    Essa ideologia tenta esconder que o globo terrestre continua sendo um mundo humano de nações desiguais, onde a livre atuação das nações mais fortes submete nas nações mais fracas.
    Existem instituições mundiais controladas pelo G7, que decidem o que deve ser globalizado e o que não deve.
    Também exite o FMI, ao qual os grandes investidores atribuem o direito de dar notas de bom ou mau aluno às nações, punindo com restrições de crédito internacional às que desobedecem as suas recomendações.
    Portanto, é evidente que não há globo comandado livremente pelo mercado. Há um mundo organizado de modo bastante rígido, impondo uma verdadeira “camisa de força” às nações mais fracas.

    “Os grandes globalizam, e os pequenos adaptam-se”
    Há um longo detalhamento do processo de mundialização, referindo-se aos três tipos fundamentais de capital: o produtivo, o comercial e o financeiro. Como uma nova forma de organização do trabalho, flexibilizada como a mola essencial da mundialização,ou seja, na esfera produtiva a mundialização tem seu centro dinâmico, que consiste numa ofensiva contra as conquistas trabalhistas do segundo pós-guerra.
    Isto significa a apropriação da mente dos trabalhadores mais qualificados e estáveis pelas empresas, a precarização do emprego para a maioria e a desregulamentação dos contratos de trabalho para todos.
    Mundialização do capital produtivo

    Surge o que é denominado "empresas-rede" (network firm), que atesta tal interconexão entre as finanças concentradas e a grande indústria, estando elas na origem de "um importante processo de ‘confusão’ das fronteiras entre o "lucro" e a "renda" na formação do lucro de exploração dos grupos."
    Mundialização do Capital Comercial

    Teve origem através da modificação da estrutura do comércio mundial, que provoca inclusive o desaparecimento de muitas exportações especializadas regionais. O comércio passa a concentrar-se entre países ricos, surge o comércio internacional intra-empresas, que assume hoje proporções gigantescas, e que se furta à lógica do comércio entre nações. Essa competitividade decorre mais das relações de força do que de verdadeira eficiência.
    Mundialização do Capital Financeiro
    Coroa todas as transformações, tem os efeitos mais perigosos para o próprio sistema. O fato desencadeador da mundialização financeira é a circulação de um capital ao redor do planeta,evidentemente, a forma em que se deu, foi ditada pelas grandes nações, e as pequenas sendo colocadas diante dos fatos consumados.
    Para François Chesnais, a norma da mundialização é tratar a atividade financeira como uma indústria igual a qualquer outra.
    O capital financeiro tem hoje o poder de apossar-se de uma massa enorme, sem prestar qualquer serviço, simplesmente movendo-se pelo planeta.
    Chesnais conclui que a globalização/mundialização implica em uma advertência para a possibilidade de uma decadência econômica e social irreversível, caso as forças vivas da sociedade não reagirem eficazmente. E a solução é deixada a cargo dos movimentos de trabalhadores que lutam em defesa das conquistas sociais ainda vigentes.


    RA:5530405

    Créditos para:Zequinha Barreto

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  3. Nome: Anne Caroline Sina Ribeiro, n°: 13, RA: 5454464 - FMU

    Com a revolução das comunicações, o processo de globalização tornou-se mais rápido, além de ter se tornado mais abrangente, envolvendo não só o comércio e capitais, mas também telecomunicações, finanças e serviços antes cobertos por várias formas de proteção.

    Algumas 'definições' para ' GLOBALIZAÇÃO ' :
    Globalização é uma noção imprecisa (e ideológica) para designar o processo de mundialização do capital que caracteriza a nova etapa do desenvolvimento capitalista no limiar do século XXI.

    Pode se dizer também que Globalização é um novo regime de acumulação capitalista predominante financeiro que imprime a sua marca sob as mais diversas esferas da sociedade capitalista.
    Um processo social que atua no sentido de uma mudança na estrutura política e enonômica das sociedades, ocorrendo em ondas, com avanços e retrocessos separados por intervalos que podem durar séculos.

    Históricamente- 3 grandes globalizações:

    x Império Romano- através da força buscava-se formação do grande Império.
    x Grandes descobertas: ocorria entre os séculos XIV e XV, desvendaram-se novos continentes e foi aberto o caminho da Índia e da China.
    x Século XIX: logo após as Guerras Napoleônicas quando ocorreu a colonização européia da África e da Ásia.



    Comentário: Concluo então que globalização é o crescimento da interdependência de todos os povos. É a ''junção'' de todos os paises, como se todos nós estivémos interligados.

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  4. Fernanda Marcondes de Col, 40
    FMU

    Há um longo detalhamento do processo de mundialização, referindo-se aos três tipos fundamentais de capital: produtivo, comercial e financeiro.
    Na esfera produtiva a mundialização tem seu centro dinâmico, que consiste numa ofensiva contra as conquistas trabalhistas do segundo pós-guerra.
    Isto significa a apropriação da mente dos trabalhadores mais qualificados e estáveis pelas empresas, a precarização do emprego para a maioria, e a desregulamentação dos contratos de trabalho para todos.
    Sobre a Mundialização do Capital Produtivo;
    Surge o que é denominado ''empresas-rede'', que atesta tal interconexão entre as finanças concentradas e a grande indústria, estando elas na origem de ''um importante proceso de ´´confusão`` das fronteiras entre o ´´lucro`` e a ´´renda`` na formação do lucro de exploração dos grupos.''

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  5. Cinthia Galeskas Lopes, 29
    RA: 5567191 - FMU

    A mundialização do capital comercial ocorre principalmente através da modificação da estrutura do comércio mundial, o que provoca o desaparecimento de muitas exportações especializadas.
    Os governos perdem o poder de escolha da especialização de seus paises. Todas as especializações são substituidas por uma mistura de exportações , onde a competitividade (o que também é uma das carcacteristicas da mundialização) decorre mais das relações de força do que de eficiência. Ou seja, entendemos como exemplo, antigamente o Brasil era especializado no café, assim como outros paises tambem tinham suas especializações, o que com a mindialização, não se tem mais. A competitividade aumenta, excluindo a eficiência de produção.

    A mundialização do capital financeiro, o que hoje, Chesnais carcateriza como a que move todas as transformações, através da circulação de um capital ao redor do mundo, instantaneamente.
    Gera a autonomização do capital financeiro, no sentido de que os laços com o capital produtivo se distancie cada vez mais, uma vez que a circulação do dinheiro é desvinculada a circulação de mercadorias.
    O capital financeiro, tem hoje o poder de apossar-se da maior parte da massa global, sem nenhum esforço ou prestação de serviço, apenas circulando pelo mundo. Um exemplo claro, é o cartão de crédito, que temos um dinheiro que não é nem visto pelo comprador nem pelo vendedor, mas a venda/compra efetiva é realizada com sucesso.

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